segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Emocore (pequeno ensaio)


Sempre tive dificuldade em assimilar rótulos musicais. Punk, Headbanger, Grunge, Gótico..... . Para mim são todos derivados de um único estilo, o rock. Mas a imprensa e o público leigo em geral precisam de uma referência e então entram os mal fadados rótulos. 

É aí que entra o Emocore. Emocore????. Mas que diabos?. Para quem não se habituou a assimilar o que a palavra significa é a união das palavras “Emotional” e “Hardcore”.

Tecnicamente o “estilo” surgiu no final dos anos 80 com bandas que, tocando um hardcore como conhecemos (rápido e gritado), começaram a colocar nas suas letras temas mais sentimentais e situações pessoais mais reservadas, o que levava o estilo (hardcore) para outro caminho. 

Amantes do hardcore tradicional e “roqueiros” das antigas torcem o nariz para o “movimento” uma vez que o apelo visual dos meninos é extremamente andrógino (totalmente inspirado em David Bowie anos 70 e mais recentemente no visual de bandas com Placebo) e as letras são um tremendo mela cueca. Mas aí é que ta o negócio. Vale a pena criticar os “Emos”?. 

Na minha opinião não. Essa galera de hoje são os grunges dos anos 90 e me lembro bem do pessoal da mídia descer o sarrafo em bandas e fãs da época dizendo que eram nada mais nada menos uma cópia mal feita do rock setentista. Ok, ok, a qualidade musical desceu muito o nível de lá pra cá, mas guardando as proporções, discos bons estão sendo feitos pela molecada de hoje em dia. 

Um bom exemplo disso é “Welcome to the black parade” disco de 2006 do My Chemical Romance. A banda, liderada pelo vocalista Gerard Way criou um disco conceitual, quase uma ópera rock, totalmente consistente e com apelo juvenil próprio para a época em que vivemos.

 Outro bom exemplo é “Pretty Odd” do Panic At The Disco. Ouvi apenas algumas músicas do disco, mas posso afirmar que a banda está no caminho certo avaliando e transformando o rock conforme as necessidades de tempo e espaço no meio musical. 

Tenho que admitir o meu estranhamento com relação as bandas acima a primeira audição e visualização. Achei extremamente teatral todo o aparato das bandas e as letras e músicas um pouco forçadas demais. Mas foi só esperar o amadurecimento e encontramos verdadeiras jóias nos trabalhos mais recentes. 

Não posso avaliar o mercado brasileiro, pois estou extremamente distante do cenário atual, mas o que tenho ouvido e visto, com relação ao emocore,  não tem me agradado muito. 

Independente se é bom ou ruim temos que respeitar o gosto desses garotos e garotas, pois é muito saudável ter na adolescência bandas e de certa forma um “movimento” que salve-guarde-nos das pressões diárias relativas a essa idade. É desse período que eles se lembrarão para o resto de suas vidas. 

Muita, mas muita coisa ruim vem junto com bandas boas dentro de “movimentos” criados por fãs e gravadoras, mas dentro desse lixo encontram-se boas novidade e bandas que ficarão marcadas no tempo como percussoras e formadoras de estilo e comportamento.

 

Um comentário:

  1. Eu ainda sinto falta dos solos mano. Não duvido da capacidade dos muleques, mas talvez a falta de opção no mainstram é o que me enche o saco. Toda vez que eu ligo a MTV ou uma rádio que toca músicas de rock atuais, tá tocando emocore. Tenho certeza que na época do grunge era assim tb, por isso dava no saco. hehehehe

    Com relação aos críticos aqui vai uma crítica: Esses caras não gostam de nada e não ajudam em nada. Só sabem ir para shows na faixa, comer e beber à vontade e falar merda, agora na hora indicar uma (pelo menos uma) banda boa.... nada tb.

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