quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Irma Vap e a difícil arte de ir ao teatro

Irma Vap e a difícil arte de ir ao teatro

No último dia 10 eu e minha esposa completamos cinco anos de casamento. Decidimos fechar as comemorações da data com uma ida ao teatro.

Decidimos assistir “O Mistério de Irmã Vap” uma vez que ela já havia assistido a primeira montagem brasileira, que ficou doze anos em cartaz com Ney Latorraca e Marco Nanini, e tinha adorado. Eu topei na hora, pois acho os dois atores atuais da peça, Cássio Scarpin e Marcelo Médici, super talentosos e também estava ansioso para ver se realmente a peça era tudo isso que todos falavam.

Logo de cara tomamos um susto, setenta reais a entrada! Como não somos estudantes, pagaríamos cento e quarenta reais, uau! Mesmo assim não desistimos pois era um presente à nós e não somos de esbanjar tanto.

A peça iniciaria às 21h00 então fomos comprar os ingressos na hora do almoço para evitar afobação na entrada, somos chatos quando o assunto é muvuca – mal sabíamos o que nos esperava!

O Shopping Frei Caneca fica na rua de mesmo nome, uma travessa da avenida Paulista. Descobrimos que dentro do shopping existem dois teatros, um no 3º andar, o Nair Belo (junto com uma escola de atores) e o do nosso espetáculo, localizado no sexto andar.

Entrar no shopping é um desafio, o estacionamento é estreito e cheio de entra e sai. Graças a Deus achamos uma vaga escondidinha e do tamanho do nosso Celta. Entramos e ficamos vagando, nunca tínhamos entrado dentro desse shopping antes, até encontrarmos um segurança que nos indicou os elevadores. Não sei se estou correto, mas acho que o estabelecimento foi construído dentro de um prédio já existente, pois com exceção do térreo, todo os demais andares são apertados e de difícil acesso, idem ao odioso shopping Santa Cruz.

Dica. Existe dois grupos de elevadores, cada atende a um determinado grupo de andares. Já deu para imaginar como descobrimos isso né? Do outro lado de onde estávamos é que se encontravam os elevadores que nos levaria ao sexto andar. Todos com filas imensas!! Dá onde estávamos dava para avistar as escadas rolantes. Dei um toque na minha esposa e ela logo entendeu, vamos de escada!

1º para o 2º, 2º para o 3º, 3º para o 4º andar..... Pára! 4º andar só com credenciais! Foi assim que nos barraram. Minha esposa para a atendente: - Credencial para buscar ingressos na bilheteria do teatro?, e a atendente: - Bilheteria?, teatro? Ah ta podem subir. Nem vou postar o comentário da minha esposa para a menina!. Subimos até o 4º andar e em direção ao 5º, escadas bloqueadas..... Ninguém merece! O segurança nos avisou que aquele andar estava bloqueado, estava tendo uma feira de sei lá o que e que só de elevador para chegar ao 6º. Nenhum aviso, nenhum pessoal treinado para nos atender! E estávamos na Frei Caneca, bairro de bacana! Já estava começando a sentir saudades do teatro da associação Monte Azul....

Descemos até o 3º e fomos até o elevador, que por incrível que pareça subiu vazio!

O hall do teatro é muito bonito, decorado com muito bom gosto. Encontramos uma fila imensa mas naquele momento estávamos tranqüilos, tínhamos chegado e finalmente pegaríamos nossos ingressos. Mas que espera...... Ficamos mais ou menos uma hora na fila, cercados de crianças loucas para que os pais comprassem logo os ingressos para o show do Cocoricó (não tenho filhos, adoro crianças, fui um pentelho quando criança, mas não agüentava mais ouvir o nome do Júlio, personagem principal do infantil).

Ok, ok, o pior já tinha passado. Será?

Nos arrumamos, chegamos cedo, decoramos o lugar do elevador desde o pátio dos estacionamentos, ficamos uns vinte minutos para subirmos de elevador, conferimos nossos lugares, sentamos, ufa!. Vamos ao espetáculo!!!

Percebi, na hora de comprar os ingresso, que os lugares atrás de nós estavam ocupados. Mas já beirando o horário de início eles ainda estavam vazios, achei que tinham desistido (cento e quarenta paus jogados fora?) que nada! Logo chegaram uma senhora acompanhada de sua filha, que me chutaram, falaram durante a apresentação e tinham um cheiro de perfume barato dos infernos!!

E o espetáculo? A peça vale cada centavo! A montagem é um primor no quesito figurino, palco, o teatro é muito bonito e acomoda muito bem a lotação máxima. Os atores são formidáveis, cada um representando quatro personagens diferentes, com uma troca de roupa frenética, quase alucinante no que se refere a tempo. Marcelo Médici dá um show, deixando claro o tom mais cômico que tem. Cássio Scarpin tem uma classe atuando, uma segurança tão grande em seu personagem que você logo mergulha em qualquer um dos que ele “encarna”.

A direção de Marília Pêra é a cereja no bolo uma vez que ela tem grande conhecimento da história da montagem, tanto brasileira quanto americana. Enfim, um show digno de qualquer crítica seja americana ou européia.

Gostaria muito de voltar e assisti-la de novo, assim como o solo de Marcelo Médici “Cada um com seus pobrema” mas fiquei traumatizado com esse odioso shopping. Na saída demoramos uma eternidade descendo escadas rolantes (os elevadores estavam, para variar, lotados) e ao chegar no estacionamento só havia um guichê para validarmos nosso ticket. Mais uns vinte minutos para sair.....

Na volta minha esposa me viu rindo sozinho e perguntou: - O que foi?, eu respondi: - Nada, nada (na verdade estava pensando.... Essa experiência até que dava uma boa história!).

P.S.: Apesar de valer cada centavo, setenta reais para uma peça de teatro está muito fora dos padrões para a sociedade brasileira. Precisamos incentivar a ida das pessoas a eventos culturais dessa origem, mas temos que levar esse entretenimento à elas de forma mais acessível, seja na forma financeira ou na própria localização, avenida Paulista é muito fora da realidade de subúrbios São Paulo afora. Que fique registrado.

Abraço!


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