domingo, 1 de março de 2009

Control - Cinebiografia de Ian Curtis

Control, cinebiografia de Ian Curtis, vocalista e líder da banda Joy Division que nos anos setenta ousou e se deu bem ao mostrar que nem tudo no rock era purpurina ou LSD. Viraram referência e presença obrigatória em qualquer lista dos melhores do rock de todos os tempos.

Vi o filme já a algum tempo e até agora estou me perguntando, mas porque não gostei?

Dirigido por Anton Corbijn, competente fotógrafo e diretor de videoclipes e, acima de tudo, conhecedor profundo da banda (chegou a fotografá-los próximo ao fim trágico) e baseado no livro “Touching From A Distance” da esposa de Ian, Deborah Curtis, o filme conta com inúmeros pontos positivos como o toque em preto e branco, a fotografia belíssima e a atuação mais do que convincente de Sam Riley no papel do perturbado jovem que apesar de conquistar tudo com certa rapidez e até, facilidade, nunca encontrou realmente a felicidade.

O filme começa com um Ian até certo ponto feliz, comum, vivendo uma vida suburbana, sem luxo, mas também sem mostras de pegar no pesado. Ele passa seus dias ouvindo e imitando David Bowie, fumando, tomando remédios controlados para ficar doidão e recitando poemas.

Isso até encontrar Deborah, menina de família humilde, mas bem estruturada, educada e por isso mesmo que desperta em Ian uma paixão avassaladora e em Deborah idem pelo aspecto contrário do rapaz, desleixado, roqueiro e por isso mesmo irresistível.

Os dois se casam num piscar de olhos, prematuramente, como Ian descobriria num futuro não muito distante.

É daí em diante que eu passo a não gostar do filme. Tecnicamente ele continua impecável, é realmente um tributo a uma geração que encontrou em Curtis a figura que em outras gerações foram e seriam de Elvis, Jim, Kurt. Mas começo a pegar birra de Ian, o alicerce da vida dele foi Deborah e ele começa a desprezá-la, o dinheiro que a banda usa no começo da carreira é dela, a filha que os dois têm vem primeiro da idéia dele. Toda vez ao chegar em casa ela o espera sedenta de amor e carinho e o FDP a evita...

E não me venha falar que a epilepsia foi um fator determinante para o seu estado depressivo porque ao encontrar Annik, uma bela mulher, até mais do que Deborah, mas que não vive os problemas do dia a dia do “astro” ele mostra um semblante de garoto próximo da primeira namorada.

No meio desse turbilhão de emoções a banda vai gravando clássico atrás de clássico até que, um dia antes de a banda entrar no avião para desembarcar nos EUA para uma série de shows, Ian Curtis tira a própria vida na casa em que Deborah chorou noite após noite, agüentando a traição do marido e o inconformismo com toda a situação.

Deborah não era a garota certa para Ian, isso fica evidente no filme, mas o tão idolatrado vocalista do Joy Division poderia ter sido mais Homem e enfrentado a situação com mais fibra.
Ao final do filme fico com a lembrança de uma pessoa extremamente talentosa, mas como muitos outros dentro dessa indústria implacável que é a da música fraco para lidar com fatos da vida, como por exemplo, uma esposa e uma filha.

Agora resta assistir “Joy Division”, documentário de Grant Gee sobre a banda para fechar o círculo....

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